3 Grandes Mitos sobre Valuation, segundo Aswath Damodaran

Quando falamos de valuation, é comum imaginar que existe um número mágico, um “valor justo exato” que basta ser calculado. Mas o professor Aswath Damodaran — um dos maiores especialistas mundiais no assunto — alerta para algumas armadilhas que muitos investidores e analistas cometem.

Neste artigo, vamos explorar 3 grandes mitos sobre valuation e as verdades que os desmentem.

Aswath Damodaran
Aswath Damodaran

O que é valuation?

Valuation é o processo de estimar quanto vale uma empresa. Assim como você pode tentar descobrir quanto vale um carro usado ou um imóvel, no mercado financeiro fazemos o mesmo com as empresas. Usamos informações como faturamento, lucros, dívidas, crescimento futuro e riscos para chegar a uma estimativa de valor.

👉PORQUE ISSO É IMPORTANTE: Essa estimativa ajuda o investidor a entender se o preço da ação está barato, caro ou justo.

Mito 1: O Valuation é uma busca pelo “valor verdadeiro”

✅ A verdade:

  • Toda avaliação é enviesada (tendenciosa). A questão não é se há viés ou não, mas quanto e em qual direção.
  • O viés na avaliação é diretamente proporcional a quem te paga e quanto você é pago para fazer esse trabalho, especialmente em grandes players do mercado financeiro.

Em outras palavras, mesmo com os melhores modelos e dados, o analista não é neutro. Muitas vezes, há incentivos (conscientes ou não) que distorcem os resultados.


Mito 2: Um bom valuation entrega uma estimativa precisa de valor

✅ A verdade:

  • Não existem avaliações absolutamente precisas.
  • A utilidade de uma avaliação é maior justamente quando há mais incerteza.

Ou seja, o objetivo do valuation não é acertar um número exato com casas decimais, mas criar um mapa que ajude a navegar em cenários incertos, apontando faixas de valor e tendências.

👉Além disso, o valor estimado muda conforme o horizonte de investimento. Um investidor de curto prazo pode enxergar valor onde um de longo prazo não vê — e vice-versa. Tempo e contexto importam.


Mito 3: Quanto mais “quantitativo” o modelo, melhor a avaliação

✅ A verdade:

  • Quanto mais inputs (informações) um modelo exige, menor tende a ser o entendimento real sobre ele.
  • Modelos simples geralmente funcionam melhor que os complexos.

Modelos e cálculos muito sofisticados podem passar uma falsa impressão de rigor, quando na prática são extremamente sensíveis a premissas subjetivas. Já modelos simples, bem compreendidos, ajudam na clareza e na tomada de decisão.


💡 Conclusão

Valuation não é ciência exata. É uma ferramenta de apoio à decisão, que deve ser usada com senso crítico, consciência dos próprios vieses e preferência pela simplicidade.

Ao realizar um valuation, é fundamental lembrar que os números são apenas parte da história. O contexto do mercado, a qualidade da gestão e as perspectivas futuras da empresa são igualmente importantes. Portanto, combine dados quantitativos com uma análise qualitativa robusta para tomar decisões mais informadas e alinhadas com seus objetivos.